Sono na Pandemia
- Dr. Miguel Aleixo
- 15 de abr. de 2020
- 2 min de leitura

O sono é essencial para o nosso bem-estar físico, mental e cognitivo.

A nível Europeu, Portugal, surge como o maior consumidor de comprimidos para dormir. Anualmente estima-se um consumo de 10,5 milhões de embalagens de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos. Segundo a Neurologista Teresa Paiva, os portugueses guiam-se na generalidade pelo “horário prime”: jantam tarde, prolongam o tempo de lazer e deitam-se naturalmente tarde mesmo tendo que acordar cedo no dia seguinte para ir trabalhar. Esta rotina propícia geralmente horas de sono mais escassas que o recomendado.
Numa época de pandemia, os hábitos de sono podem aumentar a sua desregulação. A alteração brusca de rotinas na quarentena pode-nos tornar desmazelados na boa higiene do sono, tais como: um número mais elevado de sestas; o facto de, existirem dias em que o sono parece não surgir, levando-nos a deitar a horas mais tardias; dias onde dormimos mais horas do que o necessário e ainda assim acordamos cansados.
Segundo a neurologista Milagros Merino, membro do comité científico da Sociedade Espanhola do Sono, refere ser natural ter dificuldade em conseguir dormir nesta época de pandemia uma vez que, passamos por bruscas alterações de rotina e vivemos num clima de ansiedade e de medo do desconhecido. A visão é corroborada por Diego Redolar, neurocientista e investigador na área de Ciências da Saúde da Universitat Oberta de Catalunya, que acrescenta que “perdemos sinais externos que ajudam o nosso cérebro a regular os ritmos circadianos. A luz e os contactos sociais ajudam nosso cérebro a reconhecer o momento do dia em que nos encontramos”.
Os sonhos também podem aumentar neste período. Reconheça-se que, qualquer conflito com alta carga emocional pode aparecer nos nossos sonhos, sendo provável que se possam de alguma forma relacionar-se com o “COVID-19”.
Esta é a primeira grande pandemia do século e algo novo e único e para muitos de nós. Daí depararmo-nos com várias questões para as quais não temos resposta causando-nos sensação de insegurança e ansiedade.
Os sonhos tem um papel importante na regularização das emoções e ajudam-nos a lidar com situações novas. Embora possam ser, por vezes, dolorosos, entenda-se que, o nosso cérebro está no fundo a proteger-nos. Estes procuram simular situações novas e adversas para que possamos mentalmente ensaiar e prever possíveis reações. Mais tarde, poderemos estar mais preparados para as enfrentar, no entanto este treino tem um custo associado: a pior qualidade do sono.
A quarentena pode ser, por outro lado, uma boa oportunidade para estabilizarmos uma boa higiene do sono. O facto de, termos mais tempo livre associado a rotinas e hábitos corretos de sono podem aumentar a sua qualidade.
Com foco e persistência podemos criar e futuramente manter estas boas rotinas de higiene no período pós-pandemia. Deixamos algumas dicas que pode começar a aplicar hoje mesmo!
Dicas para bons hábitos de sono



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