Violência Doméstica na Pandemia
- Dra. Leandra Rabaça
- 17 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
A Pandemia do “Covid-19” remeteu os habitantes de 90 países para confinamento. São cerca de quatro biliões de pessoas em quarentena.
A medida tem como principal objetivo proteger a população do vírus, mas em alguns casos, determinadas pessoas convivem agora mais assiduamente com o seu maior inimigo.
A violência doméstica é uma realidade considerada como uma das maiores violações dos direitos humanos e não foi o “Covid-19” que necessariamente criou a problemática dentro dos relacionamentos, mas certamente que adensou.
Como vimos no artigo “Problemas Conjugais na Quarenta” é provável que durante este período possa existir uma maior tensão dentro da relação devido a uma ausência de rotinas e contacto social. Tais fatores podem conduzir a uma maior instabilidade emocional de cada um dos cônjuges face ao clima de medo que se faz sentir. A isto anexa-se preocupações a nível da segurança, saúde e financeiro. Esta nova tensão dentro de uma relação que, anteriormente já demonstrava sinais de violência pode originar um clima de verdadeiro terror entre quatro paredes.
O Covid-19 isolou vítimas e agressores numa casa. Temos consciência que, a violência é um desafio aos nossos valores, resiliência e humanidade.
A pandemia pode ter dificultado ainda mais a vítima no processo de pedido ajuda. Com as limitações existentes em todos os serviços (polícia, justiça e serviços sociais…) o clima de medo associado ao vírus poderá condicionar ainda mais o necessário “grito de ajuda”. As limitações e as condições de isolamento poderão comprometer igualmente os cuidados e o apoio que as vítimas necessitam, tais como: tratamento clínico - em casos de violação; apoio psicológico e apoio psicossocial.

Desde o início da pandemia a ONU relata que a Malásia e o Líbano viram o número de chamadas para as linhas de ajuda duplicarem comparativamente ao mesmo mês do ano anterior; na China triplicaram e na Austrália, o Google registou que a “violência doméstica” foi o termo mais procurado dos últimos cinco anos.
Dar resposta ao aumento de casos da violência doméstica tornou-se mais complicado pelo facto das instituições estarem sob uma pressão enorme face às demandas provocadas pela pandemia. Ainda assim, a APAV (Gabinete de Apoio à Vítima) tem atualmente dois novos centros de receção a vítimas de violência doméstica, perfazendo um total de 100 novas vagas.
O impacto na Saúde mental é por todos os fatores aqui apresentados, algo de grande impacto pessoal para as vítimas. Apesar das limitações se fazerem sentir devido a Pandemia do Covid-19, o abuso que as vítimas estão a sofrer neste exato momento têm de ser a sua maior prioridade. Os serviços portugueses estão disponíveis para poderem ajudar. Uma chamada pode apaziguar o seu sofrimento, mas acima de tudo salvar a sua vida.


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